Por Roberto Luis Castro
O primeiro Set de marimbas africanas no estilo do Zimbabwe construído no Brasil foi feito sob encomenda para o projeto MarimBrasil, capitaneado por Maurício Weimar.
Os instrumentos foram construídos com base no estilo das marimbas do Zimbabwe e no design desenvolvido por Fred King. As marimbas desta série possuem zumbidores (buzzers) adaptados aos ressoadores, produzindo o som típico apreciado pelos africanos.
Produzidos por Roberto Luis Castro – Ateliê Construindo o Som – no período de abril de 2011 a outubro de 2012, esses instrumentos foram inaugurados na estreia do grupo instrumental MarimBrasil, dias 7 e 8 de Setembro de 2013, no Teatro Nilton Filho, em Porto Alegre.
Ao todo, foram construídos sete instrumentos: três marimbas Soprano, duas Contralto, uma Barítono e uma Baixo (denominações baseadas nas classificações musicais das vozes humanas).
Extensão: Variável
Escala: Variável
Tessituras: Soprano, Contralto, Barítono e Baixo
Barras de Ipê – Cumaru c/ módulos de ressoadores individuais de PVC
Mesas articuladas, em Gonçalo Alves, Orelha de Onça e outras madeiras de lei.
As baquetas especiais foram encomendadas ao Craig LaFollete (Marimbaworks)
Eis a estrutura de escalas musicais de cada marimba tipo Zimbabwe:

Note que as marimbas Soprano e Contralto trazem as alterações da nota Fá (Fá#) lado a lado, e a marimba Barítono não possui a nota Si.
A ecologia dessas marimbas é totalmente africana. Explico: na região em que elas predominam, como em outras áreas do continente africano, existem madeiras extremamente leves e sonoras, ideais para a construção de instrumentos desse tipo, baseados no princípio das barras sonoras com ressoadores.
As madeiras mais vibráteis que temos por aqui, mesmo depois de escavadas para atingir a acústica ideal, apresentam dureza e peso muito grandes, exigindo uma ação mais severa com as baquetas, na verdade a “pegada” para executar esses instrumentos demanda uma certa intensidade no ataque. Por isso, também, é que os músicos africanos tocam movimentando bastante o corpo.
Vídeo: “MarimBrasil – As marimbas do Zimbabwe em solo brasileiro”
“Conheça o MarimBrasil: Um grupo de marimbas e percussão no estilo Zimbabwe, de caráter multicultural que busca a aproximação das pessoas de todos os continentes através da música através da valorização e conservação da cultura sul africana. O grupo, liderado por Maurício Weimar, executa canções do sul da África com arranjos tradicionais da música do Zimbabwe. Essa música tem como característica os ritmos bem definidos e dançantes, e melodias extremamente vibrantes e cheias de “cor”. Trata-se de uma ideia pioneira no Brasil, trazida por Maurício Weimar ao retornar de Europa em 2011. Os instrumentos foram confeccionados por Roberto Luis Castro do Atelier Construindo o Som, de Salvador.”
(Da descrição do vídeo)
IMAGENS DO PROCESSO CONSTRUTIVO
‘Set’ de marimbas, com a Soprano em primeiro plano.
Barítono e as duas Contralto com um conjunto de ressoadores já pintados e seu estojo para transporte.
Destaque da marimba Contralto
Destaque da marimba Barítono
Destaque da marimba Baixo
Esta e as três fotos seguintes, mostram o teste empreendido com a construção de caixas de ressonância únicas, em madeira, experimentadas nas marimbas Soprano e Baixo. A opção de uso dos tubos individuais para cada barra prevaleceu, principalmente porque essa opção favorece a possibilidade de prover as marimbas dos dispositivos para obtenção do efeito “buzzing”.
Detalhes da amarração das barras na Barítono e Baixo
Jogo de Baquetas especialmente encomendadas ao fabricante Craig Lafollette (Marimbaworks/EUA)
Sequencia de fotos dos estojos para acondicionamento dos ressoadores
Detalhe do sistema de fixação do conjunto de ressoadores na mesa da marimba, em uma das extremidades
Sequência de fotos do sistema de ressoadores com os “buzzers”
Colocação dos tubos estreitados, com os “buzzers” apontando para baixo, na primeira experiência
Os dispositivos para o efeito “buzzer”, na posição em que ficaram, após os testes
MARIMBRASIL
O conjunto das 07 marimbas, logo após sua chegada em Porto Alegre-RS
Marimbas no palco do Teatro Nilton Filho – POA-RS
A primeira formação da banda MarimBrasil, com Maurício Weimar ao centro
A banda MarimBrasil agregou à sonoridade das marimbas – além do canto, um par de chocalhos “Hoshos” e um tambor “Djembê”, completando a configuração típica desse estilo africano.
Posteriormente, o grupo imprimiu um colorido especial às marimbas, pintando os conjuntos de ressoadores com as cores do seu logotipo, o que, junto às batas africanas usadas pelos músicos proporcionou aos espectadores um autêntico show de imagens e sons.
A configuração do ‘set’ da banda ficou assim: duas marimbas Soprano, uma Contralto, uma Barítono e uma Baixo.
Vídeo/Playlist: Ateliê Construindo o Som
Etapas do processo de construção das marimbas
Saiba mais sobre as marimbas africanas e o trabalho de cooperação entre Ateliê Construindo o Som e MarimBrasil :
http://construindoosom.blogspot.com.br/2011/04/marimba-sul-africana.html
http://marimbrasil.blogspot.com.br/
DE VOLTA AO BERÇO
(Atualizado em 18 de janeiro de 2018)
O grupo MarimBrasil atuou, movimentando-se pelo Rio Grande do Sul, até a sua desativação, em 2014. Em seguida, o mesmo ‘set’ de marimbas africanas construídas em Salvador por Roberto Luis e enviadas para Porto Alegre em 2012, viajou de volta para a Bahia. Por iniciativa de Flávia Candusso e, numa dessas ironias do destino, caminhos e descaminhos da produção cultural em nosso país, os instrumentos passaram a integrar o acervo da Oficina de Marimbas do Projeto Rum Alagbê, desenvolvida no espaço do Terreiro de Mãe Menininha Do Gantois em Salvador. A educadora Flávia Candusso, em conjunto com uma equipe multidisciplinar, coordenou a oficina, ao lado do membro da referida comunidade religiosa, o Ogã e professor, Iuri Passos.
Vídeo: Apresentação do Projeto RUM ALAGBÊ: capoeira, marimbas, atabaques
Chachimurenga (Chava Chimurenga)
Apresentação musical da Oficina de Marimbas do Projeto Rum Alagbê
Gravado no dia 02/09/2017 no Terreiro do Gantois (Salvador)
IMAGENS DA APRESENTAÇÃO INAUGURAL DO PROJETO
(Fotos: Valnei Souza, Eduardo Ravi)
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